terça-feira, 30 de agosto de 2016

a tal da humanidade no século XXI

fervilha
no
corpo
da
menina
o
arroto
do
garoto
e
pernas
se
entrelaçam
as
dela
depiladas
brancas
torneadas
as
dele
peludas
sujas
gastas
línguas
se
enroscam
esbarram
nos
lábios
um
do
outro
os
dela
cheios
de
batom
negro
os
dele
rachados
sob
o
vento
sul
que
alimenta
a
boca
faminta
da
alvorada
em
mais
uma
manhã
gelada
do
agosto
infinito
e
mãos
destemidas
mais
do
que
isso
são
atrevidas
essas
mãos
descobrem
apertam
seios
peito cabeludo
cabelo preto curto
cabelo loiro pintado
cintura
sinuosa
bíceps
rígidos
bucetinha
nova
assustada
a
encharcar
calcinha
cor-de-rosa
cavada
pau
ereto
em
vigilância
profunda
e
cada
vez
mais
vigilante
cada
vez
que
os
dedos
suaves
da
menina
o
esmagam
por
dentro
da
calça
com
a
braguilha
aberta
e
eles
de
ao
som
de
James Brown
dançam
desajeitados
enquanto
se
agarram
entorpecidos
perdem
equilíbrio
derrubam
um
vaso
de
flores
que
se
estilhaça
deixando
pétalas
vermelhas
mortas
esparramadas
no
tapete
cambaleando
chocam-se
com
as
paredes
e
finalmente
desmoronam
se
contorcendo
gargalhando
roupas
são
arremessadas
ao
longe
quietas
sob
o
sol
que
adentra
sorrateiro
a
sala
e
tudo
acontece
ao
som
de
James Brown
eles
se
encaixam
no
balanço
do
soul
surge
um
sexo
saudável
tão
bom
que
sorrisos
em
cada
parte
de
seus
corpos
sem
pressa
eles
gozam
enquanto
os
galos
uivam
e
os
raios
do
sol
estão
dentro
daquela
sala
fascinados
ao
olharem
os
corpos
nus
calmos
lado
a
lado
sobre
o
tapete
envoltos
por
pedaços
de
flores
pedaços
de
vidro
pedaços
de
paixão
uma
fulgurante
flecha
que
os
abateu
atravessou
suas
carnes
ali
mesmo
morrerá
como
bom
incêndio
que
é
e
amanhã
outra
dose
outra
festa
outro
enrosco
assim
vive
o
que
chamamos
de
humanidade
 
  

sábado, 27 de agosto de 2016

fuga para o sossego

a
polícia
foi
chamada
com
passos
velozes
e
olhar
insano
me
despedi
da
casa
continuei
com
passos
velozes
até
a
esquina
parei
retornei
voltei
com
pesada
marreta
colada
à
mão
direita
novamente
na
esquina
"que faço?"
lembrei
de
uma
ruela
esqueci
da
chuva
da
noite
anterior
mergulhei
o
par
de
Havaianas
na
lama
da
ruela
(buscava esconderijo na mata!!!)
não
sabia
que
entre
as
pernas
doloridas
e
a
vegetação
viçosa
havia
uma
vala
repleta
do
esgoto
mais
fétido
não
havia
a
possibilidade
do
salto
decidi
avançar
mesmo
não
sabendo
a
profundidade
do
oceano
de
MERDA
adentrei
na
correnteza
podre
e
à
medida
que
caminhava
o
líquido
acinzentado 
se
aproximava
do
pescoço
intoxicando
narinas
senti
(para minha alegria)
estava
me
aproximando
do
barranco
escutei
algo
vi
2
menininhas
entoando
uma
cantiga
infantil
e
elas
me
viram
também
se
calaram
diante
da
cena
inusitada
segui
a
jornada
o
barranco
era
alto
agarrei
com
mãos
nervosas
uma
raiz
a
se
esparramar
para
dentro
da
vala
com
muito
custo
escalei
o
maldito
barranco
mas
o
chão
daquele
oceano
cinza
era
lodo
puro
e
as
Havaianas
ficaram
grudadas
abandonadas
no
fundo
do
mar
de
MERDA
descalço
me
ergui
e
contemplei
a
mata
passarada
enfurecida
gritava
naquela
tarde
de
setembro
com
sol
ardido
batendo
na
pele
insana
e
fiz
a
travessia
com
o
maço
de
cigarros
e
isqueiro
presos
na
mão
esquerda
erguida
para
o
céu
assim
deitei
sobre
um
colchão
de
folhas
entre
árvores
sussurrando
coisas
estranhas
nas
orelhas
larguei
a
marreta
acendi
um
cigarro
e
fiquei
ouvindo
enfim
sossegado
as
sirenes
vermelhas
chegando
e
ficaram
ligadas
por
uma
meia
hora
ouvi
os
guardas
perguntando
aos
vizinhos:
"cadê o louco?"
eles
nada
disseram
sorri
embriagado
de
satisfação
percebi
o
cigarro
queimar
os
dedos
acendi
outro
e
depois
dormi
sossegado


quinta-feira, 25 de agosto de 2016

quando morrer levarei saudades dessa aurora

horas
e
horas
pensando
mas
esse
amanhecer
cinzento
de
agosto
bateu
contente
em
meu
nariz
até
liguei
o
rádio
descobri
a
temperatura
( 7º C )
descobri
o
nível
do
rio
Iguaçu
( 3,15 m )
descobri
notícias
sobre
política
roubo
e
morte
que
não
valem
a
pena
comentar
meus
3
dedos
seguram
a
caneta
BIC
o
papel
me
encara
e
não
me
amedronta
valente
daqui
sigo
para
cozinha
bebo
Nescau
com
bolachinhas
embarco
no
ônibus
( a
essa
hora
apertado
de
gente
trabalhadora
e
estudantes )
como
sardinhas
em
lata
amarela
sempre
ninfetas
de
17
ou
18
em
seus
uniformes
escolares
e
uma
em
especial
estonteante
em
seu
jeans
colado
às
pernas
esculpidas
por
um
Deus
grego
ou
qualquer
Deus
sei
que
ela
é
algo
transcendente
eu
mero
mortal
gasto
minha
saliva
em
conversas
tolas
com
aquela
fêmea
adolescente
quando
ela
desce
do
veículo
me
lança
um
aceno
de
despedida
acho
que
não
vai
passar
disso
mas
sempre
contente
fico
e
hoje
depois
de
pensar
tanta
tolice
mais
contente
ficarei
ao
ver
aqueles
delicados
longos
finos
dedos
balançarem
alternadamente
me
deixando
apaixonado
mais
e
mais
por
essa
vida
que
levo
acordado
a
noite
inteira
tudo
tão
estranho
e
tão
divertido

quarta-feira, 24 de agosto de 2016

Oktoberfest  95

embriagado
de
tesão
por
uma
loira
selvagem
na
festa
do
chopp
em
Blumenau
adivinhem
o
que
fiz?
nessa
ocasião
festiva
todos
ficam
marchando
alegres
em
círculo
ao
som
de
uma
banda
a
tocar
antigas
canções
alemãs
me
posicionei
atrás
da
loira
com
o
caneco
na
mão
direita
com
a
outra
dei
um
violento
tapa
naquele
rabo
principesco
e
com
a
velocidade
de
um
gato
fugindo
da
cachorrada
rodopiei
estacionando
ao
lado
da
princesa
no
exato
instante
em
que
ela
girava
todo
seu
corpinho
na
tentativa
de
localizar
o
maldito
pervertido
eu
achei
aquilo
divertido
bebi
um
gole
imenso
do
caneco
e
permaneci
ao
lado
da
loira
que
irritada
comunicava
às
suas
amiguinhas
o
acontecido
(sua
indignação
de
moça
ferida
em
sua
castidade)
mas
logo
retornou
à
marcha
circular
e
eu
tive
a
ousadia
de
encostar
os
lábios
naquela
orelhinha
perguntando
o
que
havia
se
passado
ela
me
ignorou
e
sem
saber
me
motivou
a
repetir
o
feito
novamente
e
o
fiz
mais
uma
duas
acho
que
três
vezes
até
que
a
loira
das
pernas
gigantes
ou
outra
de
suas
amiguinhas
(também loiras de pernas gigantes!!!)
flagrou
minha
movimentação
sorrateira
e
todas
elas
furiosas
gritaram
gesticularam
avançaram
sobre
mim
e
o
que
fiz?
novo
gole
imenso
no
caneco
depois
olhar
penetrante
nos
olhos
da
loira
principesca
de
uma
maneira
que
a
deixou
desconcertada
e
suas
amiguinhas
estupefatas
falaram
para
os
rapazes
da
turma
tomarem
uma
atitude
parecia
que
a
festa
toda
tinha
parado
para
ver
o
espetáculo
eles
se
aproximaram
raivosos
acendi
calmamente
um
cigarro
e
enviei
meu
olhar
penetrante
à
todos
que
me
insultavam
cercado
por
aquele
bando
certo
de
que
seria
espancado
estraçalhei
o
caneco
na
cabeça
do
primeiro
e
somente
lembro
que
corri
como
um
guepardo
na
savana
e
acho
que
eles
correram
atrás
mas
sei
que
de repente
estava
sentado
no
meio-fio
de
uma
grande
avenida
de
Blumenau
sozinho
incrivelmente
sozinho
também
totalmente
perdido
(mal conhecia aquela cidade!!!)
acendi
outro
cigarro
olhei
para
o
céu
negro
de
outubro
e
gargalhei
até
o
amanhecer
quando
pedi
informação
à
um
varredor
de
rua
(muito simpático)
sobre
qual
o
caminho
mais
rápido
para
a
rodoviária
ele
me
explicou
e
fui
seguindo
aos
tropeços
procurando
manter
intacta 
a
imagem
da
loira
principesca
nua
rebolando
balançando
seus
cabelos
junto
ao
nascer
do
sol
 

segunda-feira, 22 de agosto de 2016

graças às hemorróidas

ontem
assisti
um 
documentário
sobre
o
grandioso
festival
de
Glastonburry
no
interior
da
Inglaterra
vi
um
bando
de
hippies
imersos
em
droga
lama
loucura
e
nas
entrevistas
a
juventude
lentamente
disparava
seus
discursos
sobre
a
LIBERDADE
IGUALDADE
AMOR
PAZ
para variar
aquilo
me
afetou
o
pensamento
tornou-se
acelerado
como
um
carro
de
FÓRMULA 1
numa

reta
longa
e
convidativa
abandonei
a
tela
ingeri
uns
soníferos
mas
não
adiantou
deitado
sob
o
cobertor
que
me
esmagava
corpo
agitado
se
debatia
assim
permaneci
por
umas
2
horas
até
as
hemorróidas
gritarem
e
eu
socar
o
dedo
médio
no
rabo
coçando
com
violência
num
desespero
digno
de
insano
enjaulado
no
hospício
a
coceira
não
cessava
decidi
cravar
as
compridas
unhas
no
local
e
senti
o
desejado
alívio
quando
percebi
o
sangue
escorrendo
e
senti
o
desejado
sono
chegando
me
entorpecendo
dormi
umas
10
horas
e
cá estou
recém
desperto
tranquilo
sorridente
esquecido
de
todo
tormento
concluí
enfiar
o
dedo
no
rabo
pode
salvar-lhe
a
vida
às
vezes

sexta-feira, 19 de agosto de 2016

o século pede novas palavras

novamente
perturbado
ótimo!!!
dormi
perturbado
ótimo!!!
acordei
perturbado
ótimo!!!
ouço
a
canção
ela
entre
por
uma
orelha
em
alta
velocidade
é
arremessada
através
da
outra
para
longe
onde
morre
abandonada
à
espera
das
formigas
carnívoras
da
primavera
ótimo!!!
perturbação
não
permite
que
melodia
e
ritmo
se
transformem
em
harmonia
assim
o
corpo
não
mais
dança
surge
coceira
por
toda
parte
dor
nos
pés
ardência
nos
olhos
músculos
das
costas
cheios
de
ódio
dor
na
cabeça
zumbido
visões
reaparece
loucura
nenhuma
puta
aparece
gritando
meu
nome
clamando
minha
presença
vadiei
a
tarde
toda
andando
por
falei
falei
falei
escutei
algo?
não!!!
perturbação
engatinhava
agora
ela
corre
em
círculos
pelo
quarto
ótimo!!!
e
por que
ótimo???
ora
somente
essa
condição
faz
as
garras
do
tigre
amaldiçoar
a
carne
sangue
escorre
mancha
o
manchado
colchão
e
me
levanto
perturbado
no
escuro
acendo
a
lâmpada
vasculho
 a
desordem
do
sofá
vermelho
encontro
envelhecido
caderno
uma
caneta
qualquer
enfio
chicotadas
no
papel
amarelado
esse
é
o
poema
ato
de
quem
quer
afrouxar
o
da
gravata
que
mata
quem
sabe
afligir
os
conformados
confortar
os
aflitos
ótimo!!!
voltei
ao
lodaçal
em
que
me
sinto
maravilhosamente
bem
gargalhadas
ecoam
na
galeria
do
desassossego
nem
o
amargo
Fernando Pessoa
nem
o
alegre
Tom Zé
sou
Pessoa Tom
um
pouco
de
cada
e
nada
dos
dois
ótimo!!!
  

quinta-feira, 18 de agosto de 2016

a entrega

faceiro
demais
canções
às
centenas
poema
não
ruge
em
silêncio
descansa
junto
aos
insetos
agonizantes
do
ainda
gelado
agosto
teimo
queimo
dezenas
de
livros
desinteressantes
a
fogueira
reluz
no
quarto
faceiro
demais
acordes
a
encher
de
tranquilidade
a
pança
branca
e
sigo
rasgando
página
por
página
escrevo
um
verso
e
aprecio
o
fogaréu
é
tentativa
sempre
tola
tentativa
de
provocar
inquietude
nessa
dormência
de
2
dias
de
alegria
é
tanta
que
até
esqueci
minha
infelicidade
nesse
instante
rasgando
e
queimando
papel
na
noite
fria
desejo
vomitar
o
contentamento
que
desse
jeito
não
escorre
poesia
dos
dedos
enterrei
o
aparelho
de
som
num
canto
obscuro
e
talvez
vocês
não
entendam
meu
gosto
por
instabilidade
é
que
a
paz
me
entedia
quando
dura
mais
de
48
horas
esperem!!!
vou
buscar
outro
livro
na
estante
(daqui à pouco incendeio a casa inteira!!!)
mas
não
outro
trajeto
preciso
do
duelo
incessante
com
a
vida
apertá-la
contra
a
parede
vê-la
perder
o
fôlego
e
beijá-la
na
boca
enquanto
morre
lentamente
eu
renasço
pernas
de
mulher
filosofia
barata
neurose
urbana
invadem
meu
corpo
e
adormeço
infeliz
e
radiante
por
ter
feito
isso
que
entrego
à
VOCÊS
l

segunda-feira, 15 de agosto de 2016

um belo garoto do século XXI

na
lan house
conheci
garotos
muito
mais
interessantes
do
que
qualquer
adulto
desses
a
conversar
comigo
por
aqui
no
vale
do
sossego
e
da
perturbação
chamado
Iguaçu
é
que
essa
garotada
demonstra
o
que
intuía
são
tão
diferentes
dos
da
minha
época
e
ao
mesmo tempo
são
totalmente
iguais
pergunto:
"o que vocês acham da escola?"
Vini
responde:
(usando porcentagem!!!)
"ah!  90% é um saco!!!"
pergunto:
"e os outros dez?"
ele responde:
"pior ainda"
digo:
"PERFEITO!!!
nada de conselho
mas
não escutem uma vírgula do que
aqueles professores falam
façam o suficiente para não serem reprovados"
e
um
dia
desses
Vini
chegou
esbaforido
suado
descabelado
e
me
disse:
"poetista
(é assim que ele me chama)
preciso fazer o resumo de um livro
para hoje
e
nem li essa porra!!!"
disse
a
ele:
"deixe-me ver que livro é"
para
minha
tristeza
tratava-se
de
mais
uma
lastimável
obra
da
insípida
Stephenie Meyer
sobre
seus
vampiros!!!
percebi
Vini
queria
minha
ajuda
então
disse:
"conheço essa escritora
sua escrita
é um
amontoado de MERDA!!!"
ele disse:
"mas tenho que fazer um resumo dessa  MERDA!!!"
pensei
não
posso
fazer
isso
não
li
essa
catástrofe
literária
que
tanto
agrada
a
juventude
mas
Vini
não
aprecia
nem
essa
nem
nenhuma
literatura
ele
é
esperto!!!
 os
tais
professores
somente
indicam
livros
que
não
dizem
uma
palavra
sequer
sobre
a
vida
por
eles
vivida
Vini
é
esperto
mas
senti
o
sangue
pulsar
nas
veias
e
brilhante
lâmpada
agitou
o
corpo
disse:
"já sei!!!
vou escrever umas vinte linhas
explicando porque você
NÃO LEU
esse livro
vou escrever que você pesquisou
sobre essa escritora e chegou
a fantástica conclusão
ELA NÃO MERECE SER LIDA!!!"
continuei:
"porém você vai reescrever com suas palavras
meu texto
consegue?"
fez
um sinal
afirmativo
com
a
cabeça
de
pálido
seu
rosto
agora
estava
vermelho
as
orelhas
quase
roxas
continuava
suando
mas
acho
que
tudo
era
excitação
diante
daquele
drible
que
ele
poderia
dar
em
sua
bela
professora
(havia me contado quanto deliciosa ela era!!!)
acrescentei:
"olhe
ela vai desconfiar
é
que entra seu talento
terá de convencê-la que o texto
é seu
ou seja
que esse pensamento insano surgiu dessa sua
cabecinha
somente interessada em admirar
menininhas
e
brincar de assassinato!!!"
ele
disse
empolgadíssimo:
"deixa comigo!!!"
e
fiz
um
texto
de
puro
insulto
àquela
escritora
vampiresca
e
Vini
saiu
da
lan house
e
uma
semana
depois
entrou
aos
gritos:
"poetista!!!
poetista!!!
ela
desconfiou
como
você
disse
mas
enrolei
por
uns
15
minutos
e
ela
espantada
me
deu
nota
10
valeu
poetista!!!"
eu
disse:
"não precisa me agradecer
a conquista foi toda sua
queria estar lá para vê-lo
usar todo seu estilo enganando
aquela loira saborosa
que quer enfiar goela abaixo
essa avalanche de palavras mortas
provocando uma congestão geral
em nossa atenta garotada"
e
seguiu
Vini
tranquilo
assobiando
rumo
à
tela
da
máquina
para
sua
brincadeira
agradável
de
assassinato
olhei
aquele
pequeno
ser
vivo
e
percebo
que
ele
é
um
grande
HOMEM





na esquina do sebo Macaco Estudado

vários
dias
da
semana
enceno
minha
tragicomédia
no
sebo
Macaco Estudado
sempre
quando
se
torna
evidente
o
fuzilamento
do
sol
por
volta
das
5
e
meia
percebo
um
aglomero
de
adolescentezinhos
com
suas
mochilas
escolares
na
esquina
bem
em
frente
onde
geralmente
estou
sentado
fumando
exausto
e
sossegado
pensando
em
nada
o
aglomero
vai
crescendo
e
minhas
pupilas
se
agigantam
no
momento
em
que
fêmeazinhas
com
seus
rabos
peitos
pernas
tudo
enorme
se
misturam
à
turminha
sem
nenhuma
   discrição   
encaro
essas
menininhas
(algumas de mãos dadas com
seus namoradinhos)
pouco
me
importa
cobiço
a
mulher
do
próximo
bem
próximo
do
próximo
com
toda
a
febre
que
elas
provocam
em
meu
corpo
ouço
suas
conversinhas
(mero discurso sobre o cotidiano
e
planos para o fim de semana)
ouço
imensas
risadinhas
e
o
sol
segue
sua
jornada
fúnebre
eu
renasço
pois
aqueles
projetos
de
fêmea
percebem
minha
presença
e
elas
são
safadinhas!!!
talvez
impressionadas
pela
minha
aparência
esfarrapada
buscam
meus
olhos
velhos
enquanto
abraçam
seus
namoradinhos
e
as
descompromissadas
giram
seus
pescocinhos
de
pele
macia
e
como
quem
não
quer
nada
aterrisam
seu
olhar
sobre
meu
tronco
encurvado
de
pernas
abertas
 os
cotovelos
apoiados
nos
joelhos
a
cabeça
erguida
em
direção
às
suas
formas
exuberantes
e
acendo
outro
cigarro
no
estilo
Humphrey Bogart
que
pretendo
seduzi-las
lembro
do
Lolita
de
Nabokov
e
quando
o
li
aos
20
não
entendia
o
que
entendo
aos
41
o
fascínio
por
ninfetas
realmente
provoca
uma
ereção
dos
diabos!!!
acho
que
a
saudade
da
juventude
faz
o
pau
apontar
para
o
céu
e
o
sol
segue
sua
morte
diária
e
a
pedofilia
foi
criminalizada
se
me
envolver
com
uma
dessas
pequenas
ela
pode
se
decepcionar
com
minha
conduta
que
recusa
qualquer
compromisso
ela
me
denuncia
sou
preso
espancado
estuprado
mas
isso
não
me
intimida
bate
em
meu
rosto
um
vento
fresco
de
anúncio
primaveril
e
logo
penso
num
delírio
indignado
espancar
toda
aquela
rapaziada
até
imagino
o
combate
os
assustados
pedestres
se
desviando
um
pacifista
se
intrometendo
eu
bom
lutador
venço
fácil
aquela
juventude
amolecida
coloco
uma
fêmeazinha
em
cada
ombro
agarro
com
cada
mão
outras
2
ordeno
as
demais
a
me
seguir
até
o
beco
repleto
de
sujeira
onde
praticaremos
uma
orgia
e
garanto
que
será
mais
alegre
que
o
sexo
que
os
menininhos
podem
proporcionar
porém
meu
delírio
é
decapitado
o
sol
morre
abruptamente
a
turminha
se
dispersa
o
sebo
fecha
as
portas
e
me
encontro
de
paralisado
com
um
cigarro
aceso
no
canto
da
boca
a
escuridão
começa
a
abocanhar
minha
existência
me
sinto
terrivelmente
enraizado
naquela
esquina
lembro
de
Bianca
e
resolvo
comprar
uma
fatia
de
paixão
com
uma
nota
de
100