quarta-feira, 28 de setembro de 2016

ave urbana

o
pombo
aterrisou
em
frente
aos
meus
pés
descalços
doentes
dormentes
frios
acho
que
ele
piscou
para
mim
sorri
e
acho
que
ele
piscou
novamente
se
aproximou
ainda
mais
abaixou
a
cabeça
e
começou
a
catar
suas
migalhas
reparei
o
quanntto
estava
sujo
depenado
com
unhas
faltando
permaneceu
bicando
a
terra
e
subitamente
me
encarou
alçou
voo
um
voo
desajeitado
mas
que
o
levou
até
o
topo
de
um
edifício
decadente
acompanhei
seu
trajeto
e
percebi
uma
alegria
em
sua
pose
indiscresta
em
cima
aqui
embaixo
abaixei
a
cabeça
vi
a
terra
remexida
vi
suas
pegadas
tatuadas
naquele
chão
por
onde
tantos
pisam
e
me
levantei
do
banco
em
que
naufragava
sonolento
desejando
ser
um
pombo
mas
como
chegar
até
as
nuvens
se
o
corpo
está
acorrentado
nos
corpos
sinuosos
das
mulheres
que
persigo
obscesivo
nessa
calamidade
chamada
cidade?

terça-feira, 27 de setembro de 2016

desço e me esqueço

sinto
meu
apocalipse
se
aproximando
talvez
seja
apenas
ilusão
mas
sinto
minha
corrente
sanguínea
indecisa
minhas
pálpebras
indecisas
meu
pau
indeciso
sinto
meu
corpo
deitado
sobre
um
fio
de
arame
coceira
selvagem
na
pele
branca
uma
vasta
queda
me
esperando
e
se
arranhar
a
pele
posso
desabar
se
não
arranhar
enlouqueço
sob
o
sol
irritado
de
setembro
e
giro
a
cabeça
espio
o
mundo
é
meio-dia
 e
 cinquenta 
uma
loira
de
calça
preta
abandona
o
restaurante
um
casal
de
face
aborrecida
abandona
outro
restaurante
as
ruas
vão
se
enchendo
de
gente
lentamente
elas
também
lentas
com
seus
montes
de
comida
boiando
no
estômago
as
ruas
vão
se
enchendo
de
carros
mal humorados
gritando
silenciosos
uns
para
os
outros
que
                                                                              estão
                                                                           cansados
                                                                                de
                                                                            receber
ordens
e
os
catadores
de
papel
parecem
ser
os
únicos
que
estão
alegres
bebendo
cachaça
no
gargalo
gargalhando
andando
dispostos
mesmo
com
o
sol
tornando
suas
peles
mais
escuras
ainda
e
eu
giro
o
pescoço
miro
o
azul
feroz
do
céu
e
concluo
que
vou
descer
e
furtar
um
litro
de
bom
destilado
oferecer
aos
catadores
me
juntar
a
eles
na
embriaguez
negra
irei
esperar
meu
apocalipse
talvez
demore
talvez
não

o despertar

acorde
é
hora
de
morrer!!!
e
desapareço
desse
mundo
sorrindo
cantando
enquanto
escrevo
meu
epitáfio
incrivelmente
não
morri
ainda
mas
cada
abertura
sonolenta
das
pálpebras
traz
consigo
a
possibilidade
de
ser
esse
o
último
dia
diante
dessa
hipótese
sorrio
canto
escrevo
e
não
sinto
os
dedos
frios
da
morte
tocando
a
pele
é
uma
espécie
de
ritual
uma
entrega
diária
da
qual
não
posso
escapar
nem
quero
é
agradável!!!
depois
do
arrepio
ao
acordar
verifico
o
tamanho
do
tormento
a
grandeza
da
dor
na
cabeça
o
cansaço
evidente
de
toda
musculatura
caminho
torto
até
a
cozinha
engulo
analgésicos
suco de laranja
lasanha à bolonhesa
tabaco americano
observo
a
luminosidade
que
invade
a
rua
os
cães
em
bando
cheirando
o
rabo
uns
dos
outros
os
vizinhos
ingerindo
chimarrão
fumando
garotas
na
esquina
tagarelando
rindo
garotos
sentados
no
meio-fio
bebendo
vinho
com
Coca-Cola
aceno
festivo
para
todos
e
mergulho
a
visão
no
papel
despejo
minhas
palavras
com
fúria
e
elas
agonizam
na
página
como
corpos
de
favelados
vítimas
de
uma
chacina
e
ao
me
aproximar
do
verso
fatal
percebo
que
os
pelos
do
corpo
não
mais
estão
de
descansam
sossegados
sobre
o
corpo
percebo
também
que
a
cabeça
flutua
os
músculos
calmos
talvez
esse
não
seja
o
último
dia
é
apenas
tola
poesia
mas
aquece
por
pouco
tempo
o
corpo
gelado
que
habito



sexta-feira, 23 de setembro de 2016

desaparecendo pouco a pouco

acho
que
meu
pai
está
morrendo
acho
que
aquele
garoto
da
loja
de
discos
me
odeia
e
os
olhos
de
Chaplin
me
observam
quando
deitado
fumo
triste
o
Marlboro
antes
doce
e
Jim Morrison
envia
palavras
na
orelha
febril
e
entro
no
ônibus
amarelo
visito
o
bairro
São Cristóvão
retorno
caminhando
pela
ponte
de
ferro
o
rio
me
encara
o
vazio
me
invade
procuro
Bianca
na
rua
solitária
acho
que
ela
partiu
 acho
 que
meu
pai
está
com
uma
faca
entre
os
dentes
ele
não
sorri
não
chora
apenas
escuta
o
padre
reza
e
a
dor
em
minha
coluna
cervical
cresce
sonho
mas
não
sei
se
estava
dormindo
quando
acordo
o
amanhecer
me
espanca
onde
estará
Bianca?
acho
que
aquele
garoto
quer
chutar
minhas
bolas
desisti
de
saber
quem
sou
suspeito
que
não
existo
nada
existe
não
vida
nem
morte
somente
algo
que
ainda
não
foi
denominado
e
hoje
um
cara
me
disse:
"você é o poeta
a cidade inteira
te conhece!!!"
entristecido
me
desviei
dele
e
vaguei
mais
entristecido
ainda
pois
não
conheço
ninguém
nessa
cidade
me
sinto
um
estrangeiro
e
a
música
é
a
única
companhia
que
possuo
além
daquele
cineasta
judeu
de
Nova York
que
me
provoca
risos
e
lágrimas
toda
noite
estou
   obcecado
por
esse
judeu
obcecado
por
essa
escrita
dissecado
como
um
sapo
na
aula
de
anatomia
vejo
minhas
fatias
jogadas
    no   
tapete
vejo
o
rosto
de
minha
mãe
nos
panfletos
políticos
que
moças
insinuantes
me
oferecem
e
recuso
gentilmente
após
olhá-las 
 com
fascínio
tamanho
que
enrolo
a
língua
ao
dizer
obrigado
canto
canções
de
Rod Stewart
choro
e
acho
que
nunca
mais
verei
Bianca
e
acho
que
meu
pai
pode
estar
morrendo
nesse
momento
seu
pau
está
pegando
fogo
o
médico
nada
entende
e
minhas
fatias
no
tapete
dizem
boa-noite

quarta-feira, 21 de setembro de 2016

esse poema é para você: DIETHER!!!

arruinado
como
prédio
após
terremoto
fumava
desmotivado
com
o
rabo
grudado
na
calçada
vontade
de
nada
habitava
o
corpo
quando
ele
passou
cambaleando
eu
disse:
"Diether!!!"
ele
girou
a
cabeça
me
reconheceu
desabou
ao
meu
lado
dizendo:
"perdi minha moto!!!"
percebi
uma
lasca
do
sol
aquecer
a
pele
fria
disse:
"vamos achá-la!!!"
e
fomos
como
2
estrangeiros 
invadindo
nossa
mais
que
conhecida
rua
Professor Amazília
ele
embriagado
dizia:
"posso perder
minha casa
minha mulher
mas
minha moto
NÃO"
dobramos
na
esquina
do
Banco do Brasil
chegamos
na
avenida
Manoel Ribas
dobramos
na
Professor Cleto
esbarramos
como
baratas
tontas
novamente
na
Professor Amazília
e
nada
da
moto
ele
não
lembrava
onde
havia
ido
muito
menos
o
porque
de
estar
ali
na
escaldante
e
penúltima
tarde
do
inverno
acendi
um
cigarro
quando
uma
ruiva
e
uma
morena
dois
pedaços
de
fogo
cruzaram
nossa
visão
esquecemos
da
moto
inebriados
com
a
paisagem
feminina
pisoteando
nossa
existência
desamparada
ele
disse
rompendo
nosso
transe:
"vamos tomar uma!!!"
caminhamos
agora
sorridentes
algumas
quadras
até
chegar
na
La Bodeguita
devoramos
uns
litros
de
cerveja
e
falamos
sobre
Cazuza
Che Guevara
suas
peripécias
em
Vitória
as
minhas
em
Blumenau
e
abandonamos
La Bodeguita
mais
sorridentes
ainda
e
com
delírio
gotejando
no
cabelo
olhei
para
o
outro
lado
da
rua
e
a
imagem
da
moto
de
Diether
perfurou
meus
olhos
imediatamente
disse:
"lá está ela!!!"
nos
abraçamos
triunfantes
enfim
uma
vitória
diante
da
vida
que
nos
esmaga
diariamente
e
o
que
fizemos?
voltamos
a
La Bodeguita
para
celebrar
aquela
conquista
acho
 que
ele
sabia
tanto
quanto
eu
que
aquela
sensação
morreria
logo
em
breve
estaríamos
afundados
nessa
vida
que
nos
fere
diariamente
assim
era
preciso
perpetuar
o
instante
delicioso
através
de
generosos
goles
que
mergulhavam
em
nosso
interior
e
nos
faziam
TRANSBORDAR



    

terça-feira, 20 de setembro de 2016

à minha maneira   uma homenagem à beleza da mulher japonesa

não
estou
interessado
em
coisas
do
oriente
me
basta
o
insano
hemisfério
oeste
onde
sol
cai
todos
caem
todos
caídos
vivendo
sem
motivo
ou
motivados
demais
(o que dá no mesmo!!!)
mas
algo
no
oriente
que
fascina
esse
corpo
derrotado
é
a
mulher
oriental
e
o
bom
é
não
ter
de
ir
até
para
conseguir
desfrutá-la
japonesas
vivem
por
aqui!!!
bem...
aqui
em
União da Vitória
a
deliciosa
face
branca
de
olhos
esticados
não
aparece
nas
ruas
que
trafego
acenando
e
falando
com
todos
sempre
sozinho
recordo
Curitiba
sei
da
existência
de
elegantes
japonesas
na
capital
se
for
novamente
àquele
caos
irei
procurar
uma
fêmea
asiática
de
cabelos
pretos
dedos
finos
peitos
do
tamanho
de
minhas
mãos
pés
pequenos
delicados
pele
macia
sorriso
discreto
andar
discreto
ela
possui
uma
timidez
maliciosa
em
seu
sorriso
ela
provoca
borbulhas
no
sangue
ela
ela
ela
quero
uma
japonesa!!!
acima
de
tudo
quero
foder
uma
japonesa!!!
gozar
5
vezes
por
dia
uma
semana
inteira
ah!
não
sou
homem
de
sonhos
nada
de
ficar
se
masturbando
imaginando
como
seria
o
gemido
da
orientalzinha
ou
qual
seria
minha
expressão
ao
vê-la
exausta
com
a
buceta
queimando
e
pedindo
mais!!!
uma
japonesazinha
ninfomaníaca
uma
serpente
do
leste
abocanhando
furiosa
minha
vida
  ah!
sonhando
novamente
CHEGA!!!
me
despeço
vou
correndo
à
rodoviária
entrar
num
ônibus
rumo
à
capital
ah!
recordo
não
possuo
grana
vou
à
NÃO!!!
é
noite
de
agosto
muito
fria
minha
covardia
canecela
meu
ato
vou
é
me
esconder
embaixo
do
cobertor
e
o
jeito
é
me
masturbar
imaginando
como
seria
ser
engolido
por
uma
japonesa
 
  

segunda-feira, 19 de setembro de 2016

minha  loucura  agoniza  mas  ainda  respira

como
objeto
em
movimento
vencido
pela
força
do
atrito
estou
estagnado
com
as
pupilas
inquietas
na
procura
desesperada
de
motivo
para
permanecer
vivo
meu
corpo
vaga
mas
não
ACONTEÇO
e
se
não
ACONTEÇO
não
escrevo
e
se
não
escrevo
é
MORTE
em
VIDA
mas
estou
com
faca
entre
os
dentes
devorando
a
sede
com
a
própria
saliva
amordaçado
e
aos
gritos
devorando
a
fome
com
a
própria
carne
entristecido
com
o
poema
a
escapar
das
entranhas
pois
nada
digo
que
não
ACONTEÇO
tudo
dorme
sob
a
pele
e
nem
ronco
escuto
teimoso
insisto
me
arrisquei
a
tarde
toda
ofereci
respostas
a
quem
não
me
fez
pergunta
alguma
entreguei
grana
para
aqueles
que
me
devem
(e muito!!!)
atuei
como
nunca
nos
locais
que
frequento
e
NINGUÉM
me
insulta
ou
agride
ou
avisa
a
polícia
assim
não
ACONTEÇO
afrouxar
a
corda
ao
redor
do
pescoço
preciso
aqui
estou
escrevendo
sobre
o
que
poderia
ter
acontecido
mas
não
aconteceu
na
ausência
de
motivo
escrevo
sobre
o
motivo
da
ausência

domingo, 18 de setembro de 2016

o tal do passatempo

faz
uns
3
meses
que
estou
brincando
de
PALAVRAS CRUZADAS
com
meu
pai
o
auxilio
em
seu
objetivo
de
espantar
a
caduquice
que
o
perturbava
ele
 esquecia
incessantemente
o
nome
das
coisas
se
enfurecia
vociferava
por
toda
a
casa
o
quanto
era
amarga
podre
imunda
a
velhice 
fui
eu
que
todo
generoso
lhe
apresentei
a
maldita
ideia
das
CRUZADAS
e
nessa
noite
gosmenta
em
que
os
insetos
sentem
a
chegada
da
primavera
retornando
seu
ataque
sonoro
às
minhas
frágeis
orelhinhas
é
que
percebo
a
encrenca
na
qual
me
enfiei
essa
atividade
estúpida
me
tortura
finca
sua
bandeira
no
corpo
dolorido
não
posso
ouvir
uma
palavra
sequer
e
começo
a
defini-la
e
uma
puxa
outra
porque
essa
atividade
doentia
consiste
em
transformar
aquele
que
a
pratica
num
dicionário
 com
pernas
ela
martela
com
força
goela
abaixo
lições
de
gramática!!!
(algo mais desprezível não há!!!)
mas
se
cancelar
a
brincadeira
meu
pai
enlouquece
de
vez
se
não
cancelar
enlouqueço
eu
assim
angustiado
após
uma
tarde
ensopada
de
calor
na
qual
novamente
junto
ao
meu
PAI
fui
ao
banco
supermercado
padaria
e
ao
retornar
para
acompanhar
a
morte
do
sol
retirei
roupas
dos
varais
verde musgo
chegou
escuridão
e
apenas
para
acompanhar
(adivinhem quem?) 
assisti
entediado
uma
partida
de
futebol
da
seleção
canarinho
(algo mais deprimente não há!!!)
agora
pouco
quando
finalmente
livre
de
todo
esse
suplício
deitei
no
colchão
esfarrapado
e
antes
de
acender
meu
saboroso
tabaco
o
que
surgiu?
PALAVRA
maldita
PALAVRA
procurando
definição
levantei
esbofeteando
os
insetos
gordos
cheios
de
sangue
(MEU!!!)
saí
do
quarto
passei
pela
sala
nem
notei
se
estava
aquele
homem
que
tanto
ajudo
e
ele
não
me
ajuda
em
nada
(nem poderia!!!)
como
dizia
passei
voando
pela 
sala
me
despedi
da
cadelinha
penetrei
na
rua
com
passadas
ávidas
por
algo
que
não
soube
definir
não
encontrei
a
maldita
PALAVRA
exatamente
eu
que
vivo
ultimamente
afundado
no
lodaçal
da
língua
 portuguesa
IMPRESSIONANTE!!!

sábado, 17 de setembro de 2016

tarde febril de sábado

vivi
um
sonho
venenoso
como
víbora
destilando
terceiras
intenções
na
veia
dormente
com
passadas
cansadas
me
despedi
do
travesseiro
deslizei
pela
BR 116
enquanto
a
PAZ
de
um
casalzinho
agredia
meu
olhar
enquanto
os
carros
apressados
proporcionavam
raios
de
vento
a
refrescar
pele
em
brasa
que
o
sol
zangado
de
setembro
arremessava
seus
dardos
mortais
comprei
uma
cerveja
e
outro
casalzinho
agrediu
meu
olhar
com
sua
PAZ
e
outros
carros
apressados
todos
brilhantes
estacionaram
ao
meu
lado
desceram
jovenzinhos
limpos
com
suas
vozes
esganiçadas
celebrando
a
VIDA
enquanto
a
MORTE
balançava
sua
foice
enferrujada
bem
próxima
de
minha
carcaça
estagnada
com
cerveja
à
mão
e
tremor
nos
dentes
como
se
neles
habitasse
uma
faca
atravessei
aquela
miragem
(não sabia se estava ainda imerso no sonho!!!)
bebi
uns
goles
grandiosos
e
quando
acendia
um
cigarro
amassado
outro
carro
parou
aos
gritos
quase
me
atropelando
para
alegria
do
corpo
era
minha
amiga
Cátia
e
o
dia
desconcertado
fez
sentido
e
a
tarde
hostil
fez
sentido 
 e
o
sonho
venenoso
fez
sentido
alcancei
abrigo
em
sua
fala
tudo
se
transformou
em
 sorriso
ela
me
deixou
na
esquina
do
Banco do Brasil
e
migrei
até
minha
festiva
casinha
eletrônica
antes
incendiei
outro
tabaco
e
estava
outro
casalzinho
em
PAZ
outros
carros
nervosos
e
polidos
queimando
borracha
celebrando
a
VIDA
acenei
(ninguém respondeu!!!)
e
como
disse
adentrei
a
casinha
deixando
a
MORTE
perplexa
agonizando
na
calçada


quarta-feira, 14 de setembro de 2016

uma anotação sobre a vida selvagem
um
gato
preto
destroçado
amarrotado
sujo
mas
valente
atrevido
está
à
espreita
sobre
o
telhado
de
olho
vidrado
na
passarada
do
meu
pai
(que blasfema por todo o pátio
irritado com a selvageria
desse bicho!!!)
eu
observo
o
gato
admiro
seu
estilo
sorrateiro
de
predador
calmo
sobre
as
telhas
vermelhas
sob
o
céu
ardente
das
2
enquanto
fumo
meu
Marlboro
e
rumino
meu
desespero
e
fascínio
por
ainda
estar
vivo
e
o
gato
preto
se
aproxima
com
sua
pose
felina
assusta
os
pintassilgos
nas
gaiolas
que
se
arrebentam
nas
grades
assusta
meu
pai
que
arremessa
pedaços
de
lenha
baldes d'água
gritos
ameaçadores
e
o
bichano
se
afasta
por
alguns
minutos
o
sol
esquenta
cabeça
acendo
outro
cigarro
gato
preto
novamente
surge
se
espreguiçando
sobre
o
telhado
me
divirto
com
toda
essa
batalha
o
caçador
a
caça
e
o
homem
em
tentativa
de
exterminar
o
assassinato
eminente
e
levanto
do
banco
de
madeira
encaro
o
sol
vibrante
de
setembro
ele
acerta
a
pele
velha
de
minha
face
barbuda
caminho
rindo
por
dentro
ao
pensar
naquela
confusão
entre
passarinho
humano
e
gato
é
batalha
selvagem
fornece
sentido
à
vida
do
meu
pai
imerso
nessa
atividade
de
vigilância
e
ataque
chego
à
cozinha
sento
à
mesa
e
escrevo
isso
nem
sempre
estou
discursando
ou
 incomodando
garotas
às
vezes
permaneço
parado
enquanto
os
outros
seres
se
movimentam
de
forma
ruidosa
eu
em
silêncio
anoto