segunda-feira, 31 de outubro de 2016

o que fazer enquanto se espera um presente do Diabo?

o
Iguaçu
dorme
em
seu
leito
sombrio
enquanto
escrevo
embaixo
da
ponte
ao
meu
redor
homens
imundos
lindos
encharcados
de
alegria
após
uma
cópula
festiva
com
uma
bela
puta
que
descansa
de
pernas
abertas
no
gramado
esfarrapado
ela
olha
ora
para
a
garrafa
de
aguardente
ora
para
o
céu
em
seu
negrume
insatisfeito
rosnando
em
forma
de
trovão
e
luz
se
esparrama
no
rosto
de
todos
deve
ser
raio
desabando
nessa
Terra
que
meus
pés
descalços
acariciam
com
extrema
fúria
e
a
puta
com
seu
corpo
ocioso
esculpe
no
solo
seu
delicioso
contorno
e
eu
aguardo
minha
tranquila
vez
de
açoitá-la
com
meu
membro
que
está
espumando
quase
rasgando
a
bermuda
antiga
é
que
a
puta
me
pediu
com
toda
suavidade
um
intervalo
disse
que
sua
buceta
esta
doída
por
isso
ela
deitou
nua
oferecendo
seu
órgão
sexual
à
brisa
que
espanca
a
face
da
noite
ela
olha
para
mim
agora
e
entre
a
garrafa
e
o
céu
exibe
um
convite
através
dos
seus
grossos
lábios
róseos
um
convite
tão
sedutor
que
os
homens
barbudos
cessam
sua
tagarelice
e
observam
eu
cancelar
essa
escrita
e
conduzir
minha
pele
gasta
sobre
os
ossos
mais
do
que
usados
da
soberba
puta
largada
às
margens
do
Iguaçu
dorminhoco
 



quarta-feira, 26 de outubro de 2016

a fatalidade ronda a tarde

o
velho
com
seus
pequenos
olhos
repletos
de
umidade
mágoa
e
terror
suplica
ao
filho
por
ajuda
gritante
que
extermine
a
dor
que
lhe
estrangula
o
filho
literalmente
corre
mesmo
não
sabendo
para
aonde
penetra
ruelas
doentes
mergulha
os
pés
em
poças
de
lama
pergunta
à
cachorrada
preguiçosa
estacionada
nas
esquinas
se
eles
podem
indicar
alguém
que
possa
solucionar
a
questão
tudo
em
vão
o
filho
aos
tropeços
retorna
mergulha
novamente
seus
pés
agora
exaustos
nas
mesmas
poças
de
lama
retorna
pelas
mesmas
ruelas
sombrias
de
uma
tarde
na
qual
ele
passa
a
língua
e
sente
o
gosto
nervoso
da
MORTE
o
filho
retorna
e
novamente
os
mesmos
cachorros
preguiçosos
que
novamente
nada
respondem
apenas
latem
contentes
que
mesmo
que
estivessem
sofrendo
não
saberiam
que
estão
ah!
se
o
filho
fosse
um
cachorro
não
sentiria
o
sangue
congelar
nas
veias
no
instante
que
encarar
os
pequenos
olhos
entristecidos
do
velho
pois
andou
quilômetros
na
captura
de
uma
resposta
mas
retorna
de
mãos
vazias
e
cheias
de
MEDO

terça-feira, 25 de outubro de 2016

sentimento vivo que mesmo assassinado sobrevive

em
nossa
época
de
eloquente
discurso
fraterno
o
ódio
morre
afogado
no
oceano
repressor
de
nosso
peito
magoado
porém
ele
acaba
explodindo
na
face
da
fêmea
caridosa
nos
dentes
dos
mais
fracos
nos
ossos
dos
miseráveis
o
meu
explode
no
papel
num
golpe
 certeiro
digno
de
um
raio
sorrateiro
que
provoca
fogo
desespero
prece
e
morte
o
ódio
surge
de
mansinho
se
agiganta
abocanha
a
carne
em
meus
passeios
exaustos
por
minha
cidade
favorita
as
pessoas
vão
pouco
a
pouco
mordiscando
meus
passos
incertos
com
seus
olhares
cabisbaixos
por
estarem
imersos
em
sua
labuta
diária
enquanto
atravesso
seus
caminhos
com
minha
lentidão
exuberante
o
ódio
me
arrepia
até
as
entranhas
começo
a
insultar
mentalmente
tudo
e
todos
e
como
possibilidade
de
explodir
na
forma
convencional
me
retiro
acelerado
com
gritos
de
terror
derretendo
minha
vadia
existência
e
chego
num
local
ermo
deito
o
ódio
em
meu
colo
o
acaricio
com
meus
dedos
nervosos
e
escrevo
finalmente
escrevo
e
o
ódio
se
transforma
em
poesia
não
agredi
ninguém
pelo
menos
HOJE

 
 
 
 
 

brincando de roda-roda num domingo de sol sombrio

como
qualquer
outro
dia
tudo
gira
não
sei
se
é
o
planeta
chamado
Terra
que
gira
ao
redor
da
estrela
moribunda
chamada
Sol
ou
se
sou
eu
que
giro
ao
redor
do
planeta
é
que
tudo
gira
diante
dos
meus
olhos
semi-cerrados
e
minha
indiscreta
aparência
no
cruzamento
da
Manoel Ribas
com
a
Clotário Portugal
provoca
risos
convulsivos
e
ao
mesmo
tempo
olhares
que
parecem
embriagados
de
compaixão
todos
espiam
o
semáforo
assinalar
sua
passagem
e
acho
que
todos
percebem
que
não
sinal
verde
para
todos
nós
que
nos
consideramos
jovens
a
velocidade
dos
carros
apressados
apenas
demonstra
a
lentidão
da
circulação
de
suas
albinas
veias
e
quando
surge
o
corte
o
sangue
não
aparece
morte
no
interior
juvenil
dos
veículos
magros
cheios
da
gorda
ambição
exibicionista
assim
vejo
o
garoto
que
implorou
vinte
reais
do
meu
bolso
manchado
de
confusão
e
não
retornou
com
a
promessa
ofertada
calado
permaneço
nesse
endereço
enquanto
tudo
gira
à
beira
da
avenida
arremesso
palavras
insanas
ao
colega
inesperado
de
nome
Dyego
sentado
na
calçada
pois
a
fala
sadia
que
sacode
estrelas
não
nos
diz
nada
nem
ao
garoto
que
me
enganou
nem
aos
pilotos
dos
carros
ao
redigir
seu
próprio
texto
um
resumo
do
uso
de
sua
ilusão


 
 



sexta-feira, 21 de outubro de 2016

um bate-papo perturbador

o
jovem
iniciou
sua
conversa
e
velocidade
incendiou
seus
lábios
que
se
abriam
e
se
fechavam
nauseando
minha
triste
orelhinha
aquelas
palavras
joviais
mergulhavam
em
meu
interior
mas
não
morriam
boiavam
no
lago
das
dores
estomacais
e
ali
permaneciam
me
nauseando
ainda
mais
caí
na
armadilha
arremessei
respostas
na
verdade
questões
nos
tímpanos
do
jovem
que
teimava
em
não
se
calar
e
eu
preso
na
armadilha
devolvia
a
ele
minhas
insanas
frases
costumeiras
e
cavalgamos
a
longa
avenida
até
a
beira
do
rio
miramos
um
horrível
horizonte
demos
meia
volta
e
a
tagarelice
se
perpetuou
por
mais
de
três
demoradas
horas
nos
despedimos
penetrei
a
escuridão
do
quarto
pensando
em
repouso
mas
aquelas
horas
que
haviam
morrido
antes
se
transformaram
em
cinzas
irritantes
que
me
acompanharam
até
o
quarto
acho
que
entraram
pelo
meu
rabo
pois
as
hemorróidas
urravam
e
o
amanhecer
me
encontrou
deitados
de
olhos
abertos
aguardando sentado nas escadarias da cidade

o
empório
se
agita
fantástica
garota
desfila
com
seu
cachorro
felpudo
passa
por
minha
tola
figura
sentada
na
escada
da
CLÍNICA CENTRAL
me
despreza
com
seu
andar
altivo
enquanto
escrevo
e
espero
a
chegada
do
médico
junto
ao
meu
pai
que
devora
pedaços
de
um
mamão
ele
deixa
escapar
de
seus
envelhecidos
lábios
uma
gosma
amarelada
que
mancha
a
calçada
que
me
parece
cansada
em
sua
 textura
   acinzentada
 e
  ergo
os
olhos
  semi- mortos
 e
confusão
se
forma
no
endiabrado
corpo
é
que
o
relógio
no
alto
do
edifício
assinala
uma
e
meia
de
uma
tarde
gorda
de
nuvens
escuras
gorda
de
calor
primaveril
quando
essa
hora
aparece
o
empório
se
agiganta
é
aviso
de
movimento
urgente
impulsionando
pernas
e
por
isso
confuso
fico
que
uma
verdadeira
multidão
aparece
são
homens
altos
baixos
mulheres
gordas
esquelética
adolescentes
desengonçados
até
os
cães
vadios
com
línguas
sedentas
saltando
para
fora
da
boca
se
movem
acelerados
apesar
de
toda
essa
cena
espancar
minha
face
o
ritmo
que
percebo
é
de
uma
imagem
em
câmera lenta
e
nesse
momento
ergo
os
olhos
novamente
vejo
os
pássaros
defecando
sobre
cabeças
distraídas
em
sua
nervosa
preocupação
diária
finalmente
me
divirto
e
 acho
que
os
pássaros
se
divertem
mais
em
sua
cantiga
vespertina
e
ouço
subitamente
o
médico
com
seu
passo
arrastado
cumprimentar
meu
pai
e
vou
eu
acompanhá-lo
na
sonolenta
consulta
a
diversão
morre
mas
os
pássaros
continuam
cantando
e
deixo
o
empório
sozinho
na
sua
agitação
insatisfeita
 
 
  

quinta-feira, 20 de outubro de 2016

VIDA

certos
dias
essa
palavra
que
ninguém
até
hoje
soube
definir
VIDA
me
enfia
um
fuzil
no
rabo
certos
dias
ela
me
acaricia
com
mãos
dignas
da
prostituta
mais
meiga
dias
sim
dias
não
sobrevivo
deixando
vestígio
imperceptível
aos
camaradas
que
passam
me
cumprimentam
cospem
suas
gentilezas
na
face
perplexa
e
querem
que
eu
diga
algo
inteligente
mais
perplexo
fico
invento
histórias
desconexas
e
saio
de
cena
com
despedida
falsa
tapinhas
nas
costas
ou
beijinhos
no
rosto
uma
atuação
grandiosa
pois
não
carrego
no
corpo
fama
de
mentiroso
eles
ACREDITAM
em
mim
que piada!
e
o
que
faz
a
chamada
VIDA
ter
um
sabor
ora
dolorido
ora
colorido?
ultimamente
recuso
qualquer
pensamento
que
invada
os
pés
 ele
retorna
queimando
calcanhares
e
deixo
que
me
torture
uma
hora
ou
outra
ele
cansa
e
morre
lentamente
desliza
sobre
a
pele
e
abandonado
permanece
apodrecendo
no
chão
é
maneira
que
encontrei
de
driblar
esse
adversário
é
difícil
às
vezes
demora
minutos
às
vezes
horas
mas
que
morre
morre
mas
certos
dias
o
rabo
continua
sendo
alvo
de
flechadas
certos
dias
o
cabelo
recebe
toque
suave
do
vento
é
instabilidade
que
aprecio
por que?
NÃO SEI!
ela
se
apresenta
comumente
num
mesmo
dia
com
subidas
ao
cume
da
montanha
mais
alta
e
descidas
às
fendas
mais
abissais
do
oceano
nada
pacífico
 é
meu
caminhar
um
passo
à
frente
outro
pra
trás
e
meia
dúzia
para
cada
lado
sempre
o
curso
do
meu
rio
desagua
aqui
nesse
mar
de
palavras
a
chamada
VIDA
vai
e
senão
vai
vem
não
um
pingo
de
coragem
nisso
apenas
desespero
se
deitado
no
colchão
contando
as
rachaduras
do
teto
me
incomodo
se
mergulho
nas
ruas
os
camaradas
me
cercam
enceno
minha
farsa
me
incomodo
então
volto
ao
colchão
escrevo
me
masturbo
por
horas
e
durmo
por
muito
muito
pouco
tempo
  

o sabor do avesso

se
tudo
vai
bem
bom
se
tudo
vai
mal
melhor
e
o
grito
da
noite
entorpecida
de
sono
me
acorda
lembro
das
cordas
a
sufocar
a
garganta 
entristecida
nos
hospícios
da
vida
lembro
dos
raivosos
dias
em
que
suplicava
cigarros
aos
estranhos
da
tarde
fétida
de
Curitiba
e
se
tudo
naquela
era
da
tragédia
ambulante
era
o
pior
agora
percebo
a
riqueza
dos
pedaços
de
sangue
morto
a
habitar
os
bolsos
furados
e
se
tudo
hoje
vai
bem
espero
que
essa
coisa
chamada
existência
me
conduza
ao
lodo
para
que
seu
gosto
penetre
a
língua
invada
o
estômago
assim
vomitarei
o
desgosto
descansarei
soberano
nas
nuvens
pálidas
e
ávidas
por
desespero
novamente
estarão
afiadas
minhas
garras


quarta-feira, 19 de outubro de 2016

um livro como qualquer outro

nesse
instante
no
mundo
uma
freira
com
seu
hábito
negro
entregando
faceira
seu
rabo
macio
redondo
rosado
apertado
para
um
travesti
vestido
de
cocaína
colares
brincos
batom
nesse
instante
no
mundo
um
marido
trabalhador
traindo
sua
esposa
milionária
com
um
adolescente
de
16
que
acaricia
o
pescoço
do
traidor
com
seus
dentes
brilhantes
cuidados
por
um
dentista
que
por
sua
vez
mastiga
a
buceta
jovem
de
sua
secretária
todo
dia
contemplando
o
anoitecer
por
cima
do
corpo
da
moça
que
de
boca
aberta
engole
a
própria
saliva
saciando
a
infinita
sede
e
nesse
mesmo
instante
no
mundo
um
executivo
suicida
abandonando
a
vida
ao
se
lançar
do
octagésimo
andar
de
um
prédio
aborrecido
e
ao
tocar
a
calçada
o
sangue
jorra
silencioso
até
lamber
os
pés
doentes
de
algum
cidadão
honesto
e
todos
esses
episódios
passam
na
TV
no
jornal
da
noite
assustada
e
as
famílias
exaustas
após
a
labuta
cotidiana
sentem
aquelas
imagens
explodirem
em
 suas
faces
também
exaustas
e
dizem
em
coro:
 o
 fim
 do
    mundo!!!"
 eu
  digo:
 "acho
  que
   não
  é
   apenas
   mais
   uma
    página
   do
    livro
    de
     nossos
     dias"

   o que nosso mundo precisa?

o
feriado
está
chegando
agradável
dia
dos
mortos
acordaremos
tarde
GAROTAS
acordaremos
com
longos
bocejos
deslizando
sobre
o
travesseiro
almoçaremos
pelas
5
depois
vamos
queimar
incensos
e
baseados
aguardando
o
adeus
do
sol
pois
o
que
nos
interessa
é
apenas
a
música
da
noite
GAROTAS
agarrem
com
suas
unhas
compridas
os
corpos
dos
seus
homens
favoritos
nosso
mundo
depende
disso
GAROTAS
digam
a
seus
homens
favoritos
que
comecem
a
brincar
imediatamente
antes
do
furacão
da
normalidade
atingi-los
com
um
cruzado
no
umbigo
GAROTAS
após
a
meia-noite
o
feriado
morre
mas
nós
não
vamos
acender
velas
no
pátio
para
iluminar
nosso
cansaço
vamos
queimar
nossas
roupas
e
dançar
nus
em
torno
da
fogueira
está
chegando
o
feriado
haverá
como
sempre
tumulto
e
orações
nos
cemitérios
mas
nós
não
vamos
recordar
nossos
mortos
aqui
mesmo
em
alegre
orgia
perto
do
fogo
e
quando
voltarem
para
casa
GAROTAS
não
esqueçam
de
amar
  apaixonadamente
seus
homens
favoritos
beliscando
suas
bundas
brancas
durante
o
ato
GAROTAS
nosso
mundo
precisa
disso

terça-feira, 18 de outubro de 2016

o encontro

procurando
e
procurando
e
procurando
por
vestígios
de
batom
na
pele
das
calçadas
por
onde
elas
passavam
nada
de
Bianca
nem
daquela
loira
religiosa
tão
sedutora
com
seus
saborosos
olhos
verdes
e
pergunto
às
poucas
prostituas
teimosas
que
ainda
rodam
suas
bolsinhas
aqui
no
vale
onde
estará
Bianca
nenhuma
delas
sabe
e
pergunto
às
moças
do
grupo
de
oração
se
alguma
delas
sabe
onde
mora
aquela
cristã
de
longos
cabelos
acho
que
sabem
mas
não
querem
informar
o
endereço
da
jovem
inocente
a
uma
pessoa
de
barba
grande
cabelo
sujo
roupa
rasgada
apesar
dessa
decepção
diária
uma
noite
dessas
em
que
cambaleante
adentrei
o
ônibus
e
mais
cambaleante
ainda
desmoronei
no
último
assento
apareceu
uma
garota
carregando
um
bebê
de
cabelo
amarelo
e
eu
que
admirava
entorpecido
a
escuridão
da
avenida
me
desviei
dela
pois
a
garota
quase
desabou
seu
imenso
corpo
em cima
da
minha
frágil
existência
assim
ela
mergulhou
sua
abundante
carne
no
assento
ao
meu
lado
e
percebi
que
me
olhava
e
quando
olhava
para
seus
adocicados
olhos
ela
mirava
o
vazio
eu
retornava
à
escuridão
do
mundo
e
percebia
que
ela
retornava
seu
olhar
para
a
decadência
que
derretia
ao
seu
lado
até
que
comentou
algo
sobre
o
calor
de
outubro
e
iniciamos
uma
conversa
que
não
recordo
uma
vírgula
mas
guardei
na
memória
a
expressão
de
abandono
no
seu
sorriso
a
expressão
de
piedade
quando
eu
comuniquei
à
ela
meu
desespero
e
fixado
no
meu
coração
moribundo
sobrevive
aos
gritos
seu
nome
LUCIANA
não
sei
se
a
verei
novamente
mas
sei
que
desde
então
abandonei
a
caçada
por
Bianca
e
por
aquela
moça
católica
pois
encontrei
alguém
que
fez
casa
nos
meus
braços
exaustos
se
farei
casa
nos
dela
não
sei