quinta-feira, 24 de novembro de 2016

Para que intitular poemas?

o
relógio
analógico
indica
com
seus
ociosos
ponteiros
3
horas
3
minutos
23
24
25
segundos
daqui
a
pouco
30
e
não
minta
para
mim
eu
a
segui
dias
e
dias
 quem?
NÃO SEI
dizem
que
tudo
vai
mal
nesse
país
dizem
que
tudo
vai
mal
na
América
dizem
que
esse
é
o
século
da
velocidade
o
que
 digo?
"olhem
meu
umbigo"
Charles Manson
encheu
de
sangue
o
quarto
no
qual
explodiram
os
ossos
de
Sharon Tate
PC Farias
viu
o
sangue
manchar
lentamente
o
lençol
branco
no
qual
ele
e
sua
amante
estavam
nus
agarrados
Pedro Collor de Melo
foi
invadido
por
tumores
malignos
talvez
fossem
mesmo
pois
sua
cabeça
rachou
e
ele
deixou
triste
ou
alegre
aquela
morena
exuberante
de
lábios
borrifados
por
batom
  vermelho
PASSION
5.1
aquela
morena
foi
alvo
de
intensas
masturbações
a
encharcar
de
sêmen
o
colchão
adolescente
aquela
morena
recebeu
o
nome
de
Teresa Collor de Melo
e
a
vida
passa
nos
telejornais
enquanto
Sharon Tate
é
devorada
por
vermes
e
a
vida
passa
nos
telejornais
enquanto
PC Farias
e
sua
amante
mesmo
em
túmulos
diferentes
talvez
distantes
 são
devorados
por
vermes
e
a
vida
passa
nos
telejornais
enquanto
os
miolos
de
Pedro  Collor de Mello
fedem
eternamente
Teresa Collor de Melo
não
está
sendo
devorada
por
abutres
talvez
por
homens
talvez
por
mulheres
cães
rinocerontes
sabe-se
quem
está
devorando
hoje
aquela
vagina
sedutora
que
nunca
vi
mas
imaginei
inúmeras
vezes
de
olhos
bem
fechados
mirando
o
branco
 do
teto
as
cortinas
verdes
o
telefone
bege
a
televisão
cinza
e
dizem
apesar
de
tudo
que
a
ESPERANÇA
está
grávida
vai
parir
um
bebê
lindo
talvez
branco
branquelo
aguado
talvez
negro
preto
crioulo
talvez
ruivo
ferrugem
vermelho
talvez
índio
talvez
caboclo
talvez
bugre
talvez
japonês
indiano
aoborígene
seja
qual
for
sua
cor
tipo
de
cabelo
tipo
da
lágrima
a
escorrer
após
receber
as
costumeiras
palmadas
do
obstreta
seja
qual
for
o
tamanho
do
seu
grito
ao
abanonar
a
bolsa
querida
entrentar
o
oxigênio
dolorido
esse
bebê
será
lindo
será
verde
da
cor
da
mata
da
cor
da
ESPERANÇA
grudada
na
pança
dos
seres
que
habitam
esse
país
dizem
que
tudo
vai
mal
os
catadores
de
latinhas
de
alumínio
carregam
toneladas
e
bebem
outras
toneladas
de
alcool
e
felizes
desmaiam
em
suas
camas
imundas
e
tudo
recomeça
ligam
o
rádio
de
pilha
escutam
o
noticiário
local
abandonam
sua
ilha
seu
minúsculo
barraco
de
madeira
apodrecida
forrado
por
manchetes
policiais
de
jornais
amarelados
e
vivem
mais
um
dia
imersos
na
verde
 ESPERANÇA
da
cor
de
nossa
bandeira
e
a
vida
passa
na
TV
enquanto
empreendedores
capitalistas
ambiciosos
e
temerosos
analisam
e
analisam
a
situação
do
mercado
indecisos
uns
fazem
seus
investimentos
outros
não
e
a
fila
dos
desespregados
descamisados
esfomeados
aumenta
e
a
vida
passa
na
TV
enqunto
o
bondoso
juiz
Sérgio Mouro
trancafia
aqueles
que
ele
escolhe
e
a
vida
passa
na
TV
enquanto
os
ponteiros
dos
relógio
se
movimentam
lentamente
no
século
veloz
da
América
de
Donald Trump
e
os
vermes
também
se
movimentam
lentamente
roendo
a
carne
de
Sharon Tate
PC Farias
e
Pedro Collor de Melo
lentos
os
ponteiros
vão
comendo
a
VIDA
que
passa
na
TV
e
contiuará
passando
até
que
essa
invenção
também
morra
sendo
devorada
por
vermes
eletrônicos
e
agora
são
3
e
13
e
31
32
33
segundos
daqui
a
pouco
40
dessa
noite
silenciosa
em
seu
ruído
celeste
noite
segundo
o
calendário
cristão
de
19
novembro
2016

Moisés e Sara

ruídos
matinais
mendigos
se
coçam
friagem
na
alvorada
naqueles
pássaros
que
nem
penas
possuem
pelados
em
seus
trajes
fétidos
habitam
verdejantes
clareiras
baderna
do
vento
soca
suas
caras
entristecidas
um
resto
de
cachaça
uma
trepada
tímida
AQUECE


inevitável vitalidade

aquele
que
esbarra
no
calcanhar
amarelado
do
próximo
a
batalha
surge
próxima
a
você
em
breve
será
sua
vez
lábios
derretidos
mancham
a
epiderme
do
solo
com
a
embriaguês
do
ódio
assim
foi
assim
é
assim
será



quinta-feira, 10 de novembro de 2016

será o acaso ou será outro desígnio malvado da natureza?

uma
moça
atravessou
 meu
caminho
me
fez
tropeçar
o
cigarro
escapou
dos
dedos
esmaguei
a
canela
no
poste
e
inundado
de
dor
desviei
a
visão
daquele
rio
de
sangue
a
jorrar
espesso
ergui
a
cabeça
dolorida
e
vi
a
moça
num
andar
nervoso
descabelada
se
equilibrando
nos
sapatos
de
salto
alto
se
distanciando
cada
vez
mais
da
canela
ensanguentada
mancando
a
segui
apressado
por
algumas
quadras
até
que
ela
estacionou
seu
corpanzil
num
ponto
de
ônibus
não
sei
como
a
coisa
aconteceu
mas
subitamente
estava
conversando
com
a
moça
que
me
enviava
gratuitamente
um
sorriso
trêmulo
me
enviava
uma
fala
aguda
em
alto
volume
ela
disparava
sua
metralhadora
sonora
contra
minha
face
massacrada
pelo
sol
alegre
da
primavera
me
disse
que
estava
afundada
num
oceano
de
ódio
pois
seu
querido
marido
havia
traído
sua
doce
pessoa
com
sua
irmã
e
ela
repetia
IRMÃ
diversas
vezes
e
me
perguntava
se
isso
era
um
sinal
do
fim
do
mundo
citou
passagens
bíblicas
citou
ditados
populares
citou
frases
de
Augusto Cury
eu
nada
dizia
pois
ela
emendava
uma
sílaba
na
outra
cuspindo
sua
fúria
de
uma
maneira
que
até
os
cães
da
rua
a
olhavam
espantados
a
moça
permaneceu
discursando
e
percebi
que
seus
olhos
raivosos
miravam
para
tudo
quanto
é
lado
menos
para
minha
face
arruinada
e
finalmente
o
seu
ônibus
chegou
ela
disse
com
um
dentro
do
veículo
que
estava
indo
fazer
uma
visitinha
à
sua
graciosa
IRMÃ
eu
ia
oferecer
companhia
ajuda
alguma coisa
porém
a
moça
invadiu
o
transporte
coletivo
empurrando
todos
que
estavam
na
sua
frente
e
apenas
ouvi
o
ronco
estridente
do
motor
machucar
ainda
mais
minha
canela
ferida
acendi
um
cigarro
e
antes
da
terceira
tragada
o
joguei
no
chão
mancando
entrei
no
primeiro
bar
que
encontrei
pedi
uma
dose
de
qualquer
bebida
enquanto
esperava
a
lembrança
da
moça
descabelada
entrou
pela
boca
deitou
no
intestino
provocou
dor
na
pança
velha
e
até
agora
o
incômodo
ainda
dorme
mordiscando
o
reto
afinal
ela
era
LINDA

segunda-feira, 7 de novembro de 2016

tudo começou num concerto de rock

aquela
menina
nos
seus
20
anos
entupidos
de
angústia
ansiedade
 desamparo
conquistou
as
lentes
do
óculos
que
não
uso
e
naqueles
dias
Lula
dizia
ser
inocente
seleção
brasileira
desagradava
a
nação
sempre
tão
eufórica
na
sua
crença
teimosa
naqueles
dias
havia
uma
tristeza
imensurável
agarrada
nas
minhas
costas
e
aquela
menina
de
20
tão
embriagada
quase
caindo
no
piso
limpo
daquela
casa
noturna
introduziu
novo
capítulo
nesse
livro
chamado
VIDA
e
os
bêbados
da
rua
me
seguiam
como
se
eu
fosse
um
santo
um
mártir
algo
do
gênero
eles
me
acompanhavam
entorpecidos
naqueles
dias
e
passeatas
apaixonadas
entristeciam
o
trânsito
nas
capitais
a
guerra
fraterna
chamada
OLIMPÍADA
 era
anunciada
na
TV
e
aquela
menina
apagou
os
versos
entupidos
de
lamento
desenhou
no
papel
radiante
caligrafia
escrevi
poemas
enviei
pelo
correio
besouros
mortos
tudo
em
sua
homenagem
mas
para
meu
espanto
não
encontrei
o
livro
antes
cabisbaixo
procurei
por
todo
o
quarto
entupido
de
areia
movediça
não
achei
o
livro
cor-de-rosa
e
afundei
confuso
entre
os
grãos
de
areia
enquanto
Lula
era
indiciado
seleção
brasileira
perdia
mais
um
jogo
e
naqueles
dias
eu
sabia
hoje
não
sei
mais


sábado, 5 de novembro de 2016

ALGO

estava
brincando
de
esquecimento
no
interior
do
ônibus
até
que
esqueci
que
estava
brincando
o
esquecimento
adquiriu
ares
de
seriedade
e
assim
solene
atravessou
a
carne
com
sua
faca
enferrujada
o
entendimento
me
abandonou
sequer
disse
adeus
restaram
imagens
sem
nenhum
sentido
formas
sem
nome
apenas
formas
morrendo
e
no
mesmo
instante
outras
nasciam
sem
pavor
nem
fascínio
nos
dentes
cariados
aquilo
aparecia
desaparecia
por
alguns
minutos
não
soube
de
minha
existência
olhava
rostos
janelas
nuvens
pernas
sapatos
tudo
sem
significado
e
se
não
havia
significado
também
não
existia
e
desci
as
escadas
quando
o
ônibus
morreu
não
sabendo
que
descia
escadas
nem
que
saía
do
ônibus
algo
me
conduzia
agarrava
minha
mão
de
forma
carinhosa
e
furiosa
apesar
de
não
perceber
coisa
alguma
me
guiando
um
estado
semelhante
aos
saudosos
dias
de
minhas
férias
no
hospício
mas
toquei
a
calçada
e
a
existência
esmurrou
o
fígado
e
tudo
possuía
nome
novamente
palavras
malditas
palavras
retornaram
e
vi
as
feridas
abertas
de
um
cão
vi
o
passo
acelerado
dos
seres
que
me
rodeavam
vi
o
relógio
no
alto
da
torre
aborrecido
em
seu
trabalho
gratuito
e
entrei
na
padaria
a
TV
me
arremessou
um
sorriso
colorido
no
corpo
em
preto e branco
a
simpática
garçonete
me
arremessou
outro
sorriso
o
dela
me
pareceu
azul
e
percebi
a
loucura
arranhando
o
pescoço
para
o
espanto
dos
olhos
alegres
da
moça
em
silêncio
me
retirei
dançando
do
local
a
rua
se
apresentou
vestida
com
seu
velho
uniforme
carcomido
pelas
traças
do
tempo
e
iniciei
uma
corrida
desesperada
pois
a
loucura
arrancava
lascas
da
pele
assim
correndo
no
meio
da
avenida
gorda
de
movimento
cheguei
ao
meu
local
favorito
todo
suado
depredado
falante
faceiro
mas
cheguei
com
a
límpida
lembrança
daqueles
minutos
de
esquecimento
sentei
na
cadeira
confortável
enquanto
mastigava
de
boca
aberta
uma
barra
de
chocolate
que
por
sua
vez
mastigou
a
confusão
que
habitava
as
vísceras
tudo
se
acalmou
no
interior
  congestionado
e
permaneci
sentado
admirando
de
boca
aberta
o
mundo
que
um
pouco
antes
havia
se
fechado
para
mim 

 



quinta-feira, 3 de novembro de 2016

em qual residência mora meu interesse?

lupinos
vadios
e
felinos
entediados
me
interessam
uma
fileira
de
sorvetes
 cor-de-rosa 
derretendo
sob
o
sol
do
verão
me
interessa
um
casal
de
idosos
em
seu
galope
dormente
cavalgando
na
calçada
escura
de
uma
tarde
brilhante
me
interessa
uma
jovem
aprendiz
pilotando
lentamente
um
carro
da
 auto-escola
ouvindo
buzinas
 irritadas
e
gargalhadas
debochadas
me
interessa
uma
agradável
vendedora
roendo
as
unhas
na
eterna
espera
de
um
cliente
  mal-humorado
me
interessa
um
garoto
enlouquecido
vagando
atrapalhado
mirando
o
vazio
e
esbarrando
em
todos
me
interessa
um
estudante
do
curso
de
letras
discursando
sobre
a
importância
da
leitura
não
me
interessa
uma
estudante
do
curso
de
sociologia
discursando
sobre
a
importância
de
valorizarmos
a
sagrada
democracia
não
me
interessa
alguém
incomodado
com
a
minha
postura
diante
da
vida
me
insultando
arremessando
pedaços
de
saliva
em
meu
rosto
agredindo
através
de
suas
trêmulas
palavras
minha
orelhinha
triste
me
empurrando
com
seus
braços
fortes
moldados
através
de
horas
e
horas
em
alguma
academia
espancando
meu
peito
alegre
com
seus
punhos
tão
ressentidos
tão
cheios
de
culpa
e
ódio
até
que
caio
no
solo
morno
e
esse
alguém
me
chuta
  incessantemente
ferindo
minhas
costelas
inquietas
esse
alguém
me
interessa
de
uma
maneira
muito
maior
do
que
aqueles
que
passam
por
mim
e
apertam
minha
mão
dolorida
e
dizem
que
eu
sou
O
 CARA
ou
aqueles
que
passam
por
mim
indiferentes
atingindo
com
seu
olhar
acinzentado
meus
olhos
 coloridos
o
que
me
interessa
ninguém
compreende
e
eu
também
não

quarta-feira, 2 de novembro de 2016

uma escrita açucarada escapa dos dedos amargos

uma
regra
não
ditada
por
ninguém
e
ao
mesmo
tempo
ditada
por
todos
e
sangra
o
gargalo
da
garrafa
no
bar
do
Jonas
e
a
rolha
da
garrafa
de
champagne
está
deitada
no
quarto
e
VOCÊ
que
me
onde
  está? 
por
acaso
segura
alguma
garrafa
entorpecida
verde
babando
de
desejo
vontade
coisas
assim
  sabe?
VOCÊ
está
lendo
enquanto
mastiga
um
Elma Chipps
bebe
uma
cafeinada
Coca-Cola
ou
está
lendo
enquanto
o
intervalo
comercial
de
sua
TV
não
termina
ou
está
lendo
desatento
pensano
em
coisas
doces
como
o
céu
brilhante
os
cisnes
no
antigo
lago
dormindo
após
o
almoço
um
beijo
de
namorada
juvenil
um
primeiro
lugar
em
alguma
competição
coisas
doces
como
as
pernas
cruzadas
de
uma
modelo
de
longas
pernas
coisas
doces
como
esse
poema
que
obedece
de
maneira
desobediente
aquela
regra
obscura
como
esse
poema
esquizofrênico
em
seu
apaixonado
nascimento
como
esse
poema
entregue
a
VOCÊ
que
não
sei
onde
está
e
também
não
sei
onde
estava
sua
cabeça
quando
resolveu
ler
isso

terça-feira, 1 de novembro de 2016

estrangeiros cercados por montanhas estranhas

das
entranhas
do
Iguaçu
nasceram
duas
meninas
nem
os
trilhos
da
ferrovia
impediram
o
florescer
dos
seus
corpos
tão
femininos
tão
sensuais
em
sua
preciosa
extensão
mesmo
afundados
num
pântano
repleto
dos
sapos
menos
discretos
do
mundo
e
o
pântano
lamacento
foi
cantado
em
prosa
e
verso
pelas
bocas
mais
dementes
do
mundo
e
o
pântano
se
tornou
sólido
pois
o
passo
pesado
de
nossos
antepassados
amassou
a
lama
com
pés
descalços
até
o
solo
amolecido
criar
músculos
de
fera
indomada
e
mesmo
os
trilhos
que
separaram
as
meninas
não
convenceram
aqueles
que
não
reconheceram
fronteiras
a
sangrar
terra
com
fuzis
e
bombas
essa
artilharia
decapitou
os
profetas
que
aqui
viviam
mas
dela
surgiram
outros
videntes
armados
com
mãos
entorpecidas
de
carinho
e
fúria
HOJE
99
anos
depois
 da
bandeira
branca
ser
erguida
vejo
nosso
povo
endiabrado
e
santo
atropelando
delicadamente
os
rabiscos
que
estupraram
esse
chão
pouco
importa
a
eles
se
os
consideram
paranaenses
ou
catarinenses
eles
banharam
as
meninas
no
rio
e
tatuaram
em
suas
faces
o
verdadeiro
nome
desse
vale
GÊMEAS DO IGUAÇU
pertencemos
ao
vento
que
sacode
nossos
cabelos
quem
pertence
a
esse
ondulante
movimento
não
aceita
o
rótulo
ofertado
somos
únicos
e
ainda
inúmeras
bocas
a
cantar
a
doçura
e
o
amargor
exclusivo
que
reside
nas
coxas
morenas
de
nossas
meninas
 
uma quadra



A   PARTE
QUE   ME   PARTE
FAZ   PARTE
DO   MEU   SHOW 











crepúsculo com a moçada do século XXI

e
ela
vestida
de
jeans
primavera
disse:
"você leu aquilo?"
e
o
cara
jovial
com
a
barba
por
fazer
escondido
por
trás
dos
óculos
enegrecidos
disse:
"não foi bem assim
é
que eu comprei
para minha mãe
e
acabei lendo"
enquanto
isso
a
visão
do
velho
sentado
na
grama
petrificava
o
corpo
primaveril
da
jovem
de
cabelos
pintados
toda
tímida
toda
colorida
toda
circular
toda
vestida
de
raios
solares
púrpuros
belos
raios
adormecendo
em
pele
dourada
enquanto
isso
o
velho
no
seu
disfarce
e
ao
mesmo
tempo
na
sua
verdade
de
provar
o
fogo
daquela
língua
grossa
cheia
de
saliva
e
bactéria
do
inverno
passado
a
batucar
na
boca
em
que
suas
palavras
estão
soterradas
enquanto
isso
o
velho
retirava
do
mar
de
terra
em
que
estava
a
pedra
marrom
pedra
paciente
A
PEDRA
no
lugar
em
suas
raízes
dormiam
no
lugar
da
PEDRA
nem
triste
nem
feliz
uma
vida
de
meretriz
alegre
por
não
ter
clientes
e
um
carro
com
família
pálida
à
bordo
dilacera
a
rua
ignorando
a
sanguinolenta
hora
fatal
e
o
velho
no
lugar
da
PEDRA
coloca
a
fúnebre
bagana
e
a
deixa
na
escuridão
embaixo
da
PEDRA
longeva
pedra
dormente
 pedra
a
PEDRA
e
o
velho
são
cúmplices
do
crime
e
não
punição
pois
nem
a
jovem
primaveril
nem
o
cara
dos
óculos
perceberam
o
gesto
ousado
do
velho
muito
usado
e
tudo
continuou
a
eterna
conversa
sobre
a
eterna
falta
do
que
falar