quinta-feira, 23 de março de 2017

o homem da porta dos fundos

a
eternidade
dos
dias
DEITA
suave
à
espreita
aquilo
que
desconhece
sabiam?
menina
a
quem
emprestei
aquele
romance
de
Clarisse
nada
disse
sobre
data
de
devolução
e
CAMINHO
acompanhado
agora
sabiam?
cadelinha
principesca
desfila
seu
estilo
com
uma
soberania
inglesa
entre
transeuntes
vestidos
de
excessivo
calor
e
olho
através
da
janela
do
ônibus
amarelo
VEJO
supermercados
amarrotados
garotas
nas
margens
da
BR
em
eterna
caminhada
eterno
gingado
diante
dos
dias
que
virão
pois
é
verão
e
todo
verão
promete
ouviu
Salete?
foram
sete
as
tentativas
de
suicídio
grandioso
fracasso
lasso
vaguei
por
estrangeiros
dez
anos
agora
retorno
e
lanço
meu
ponto
de
interrogação
à
aldeia
em
que
vivo
num
pau de arara 
sorridente
eu
contente
escrevo
e
espero
alguém
sussurrar
penetrando
meus
escassos
domínios
ARRISCADO
IRRESPONSÁVEL
escrevo
fumando
e
sentindo
ao
lado
vento
elétrico
TRÊMULOS
estão
os
pelos
do
braço
direito
em
que
desenho
de
índia
descansa
com
suas
unhas
de
escuridão
minha
Simone de Beauvoir
tatuada
na
pele
de
seu
Jean Paul Sartre
dois
doidos
duelando
e
apostando
todas
as
fichas
um
no
outro