quarta-feira, 31 de maio de 2017

no bar do paulista ( II )
 
a
criança
me
forneceu
sua
mão
rosada
e
nada
mais
gritava
apenas
ruídos
silenciosos
como
passos
na
lua
como
andarilhos
delicados
pisoteando
sua
rua
como
moças
nuas
atravessando
o
corredor
com
pés
intoxicados
de
amor
e
não
é
que
paulista
me
disse
que
pareço
CHICO XAVIER
namorando
o
alvoroço
sem
 perceber
que
cobra
furiosa
morde
meu
pescoço
sobre ela
 
SIMONE
maldita
abençoada
sagrada
bela
irritante
cobiçada
SIMONE
que
amo
venero
possuo
mas
que
me
escapa
todo
momento
através
dos
(amarelados
sujos
cansados
lavados
fedorentos
um
tanto
 magrelos
pouco
singelos)
DEDOS
que
se
despedemde
você
que
me
porque
desejosos
de
acariciar
pele
escura
estão
PELE
de
quem?
ora
você
não
ouviu
os
rumores
a
bailar
no
verde
vale?
ora
PELE
de
minha
delícia
soberana
PELE
sem
nome
PELE
de
SIMONE
 
estranha saudade

e
Amanda
disse
adeus
e
Bianca
desapareceu
na
noite
preta
sem
deixar
rastros
nas
esquinas
do
desamparo
por
onde
EU
também
desamparado
estava
e
Luciana
no
ônibus
amarelo
não
mais
encontrei
e
a
loira
evangelizadora
me
fez
andar
quilômetros
como
uma
formiga
operária
embriagada
por
folhas
de
  limoeiro
e
no
banheiro
sujo
dancei
sozinho
abraçado
com
a
sombra
da
garrafa
de
vinho
e
aquela
garota
do
puteiro
me
causou
prejuízo
gigantesco
me
prometendo
delícias
me
entregando
sorriso
debochado
a
escorrer
na
minha
face
DESBOTADA
CANSADA
DISPOSTA
(um
tanto
torta
devido
ao
desgaste
da
coluna
vertebral)
e
DEPOIS
de
horas
dançando
ao
redor
da
máquina
 vendo
aquela
puta
(NOVAMENTE!!!)
rebolar
seu
traseiro
enorme
e
balançar
seu
dedo
magro
enquanto
notas
de
50
desabavam
de
meus
bolsos
em
queda
livre
rumo
ao
chão
pervertido
que
tudo
via
e
me
dizia
de
soslaio
o
quanto
era
tola
minha
descida
ao
inferno
claustrofóbico
da
mente
mas
ainda
crente
de
uma
confiança
absurda
esperava
 alguém
atravessar
meu
caminho
esquálido
e
não
é
que
esse
alguém
chegou
e
está
agora
sentada
entendiada
no
colchão
manchado
de
sangue
me
lançando
dardos
furiosos
oriundos
dos
seus
olhos
negros
enquanto
escrevo
isso?
AH!!! 
saudades
do
desassossego
exatamente
agora
que
o
sossego
mordisca
meus
lábios
exaustos
de
tanta
FELICIDADE
chegaste

                                                                a Simone Aparecida Alves

no
meu
endereço
antes
fustigado
pelas
chamas
do
abandono
escuto
vozes
alvoroçadas
um
tanto
desesperadas
mas
entupidas
de
um
desespero
alegre
meio
festivo
meio
encurvado
meio
discreto
meio
espalhafatoso
e
gostoso
é
receber
na
ponta
da
língua
essas
vozes
vindas
dos
mais
variados
seres
mas
quando
ela
passa
no
momento
em
que
escrevo
tudo
se
cala
no
meu
endereço
é
que
um
sorriso
bobo
brota
na
face
quando
ela
passa
provocando
um
silêncio
nunca
ouvido
antes
provocando
garranchos
no
papel
provocando
harmonia
passageira
no
eterno
caos
que
é
viver
tudo
isso
e
muito
mais
acontece
agora
que
ela
passa
com
seu
estilo
índia
pisoteando
elegante
o
chão
antes
solitário
do
meu
endereço

segunda-feira, 15 de maio de 2017

  Última noite na Terra
 
O
poeta
se
despede
e
pede
aos
 que
ficam
um
discurso
verdadeiro
nada
de
homenagem
diante
do
corpo
estendido
afinal
os
melhores
poetas
são
as
piores
pessoas
e
como
a
lesma
a
deixar
rastro
gosmento
sobre
o
azulejo
bege
 do
banheiro
infecto
deixo
essa
também
gosmenta
essa
escrita
é
apenas
um
amontoado
de
bobagens
que
o
poeta
reconhece
o
desastre
ambulante
que
foi
seu
caminhar
sobre
o
planeta
  AH!!!
saudades
da
teta
de
minha
prima
a
amamentar
este
que
vos
escreve
e
mais
ele
se
atreve
a
dizer
que
a
existência
é
uma
FARSA
ele
afirma
no
seu
delírio
verborrágico
gratuito
(pois
nada
quer
em
troca)
seu
delírio
diz
que
nada
existe
nem
VOCÊ
nem
sua
FAMÍLIA
nem
os
moradores
do
MUNDO
seja
hoje
ontem
ou
amanhã
o
poeta
afirma
que
tudo
é
ILUSÃO
não
estamos
vivos
tudo
é
PALAVRA
somente
a
palavra
EXISTE
nós
NÃO
portanto
ninguém
morre
o
que
MORRE
é
essa
miragem
simbolizada
que
parece
REAL
apenas
PARECE
assim
não
MORRO
morre
essa
figura
lamentável
que
nunca
existiu
e
se
nunca
existiu
não
nasceu
e
não
pode
morrer
que
a
existência
é
uma
FRAUDE
estamos
presos
nos
dedos
do
MESTRE
das
MARIONETES
dessa
forma
me
despeço
daqueles
 que
também
não
existem
ACEITE
essa
condição
e
o
medo
da
MORTE
desaparece
também
DESAPARECE
a
DOR
que
nunca
EXISTIU
mas
machucou
e
MUITO

 
 
 

sexta-feira, 12 de maio de 2017

ANOTAÇÃO BÊBADA DE UM BÊBADO APAIXONADO

                                                                                              a Simone Aparecida Alves

jaz
a
festa
ou
melhor
morre
a
festa
ou
seja
a
FESTA
acabou
e
agora
     BERNARDES??? 
LUZES
fatigadas
se
despedem
com
olhar
triste
FOGOS
são
assassinados
por
vento
gelado
do
inverno
galopante
MORRE
BERNARDES
tudo
MORRE
mas
dizem
que
tudo
RENASCE
com
teimosia
típica
de
casal
discutindo
qual
a
posição
mais
favorável
para
a
cama
deitar
e
TEIMA
casal
como
nos
velhos
tempos
se
TEIMAVA
até
que
os
chumaços
de
cabelo
e
os
gritos
brilhantes
se
encravassem
nos
dentes
(já
amarelados
pelo
tabaco
além
de
banguelas
pela
idade)
mas
que
ainda
mordem
orelhas
amadas
mesmo
quando
a
FESTA
TEIMA
em
se
acabar