25.06.17
o
domingo
se
arrasta
pelas
paredes
a
guitarra
de
Jimmy Page
desliza
oleosa
sobre
minha
pele
preguiçosa
e
entre
uma
e
outra
mordida
no
tabaco
o
vazio
do
brilho
do
sol
convence
a
pálpebra
antes
doente
que
ela
deve
adormecer
contente
já
que
a
insatisfação
a
percorrer
seus
dentes
é
doença
triste
doença
que
lhe
faz
triste
mas
se
você
insiste
em
amargar
seus
domingos
alimentando
essa
boca
que
lhe
devora
e
depois
chora
a
tarde
toda
e
depois
bebe
a
noite
toda
e
depois
canta
bêbado
até
a
madrugada
lhe
abraçar
e
depois
dorme
inquieto
boquiaberto
e
depois
acorda
com
sono
ao
recordar
seu
estado
de
abandono
e
depois
mais
uma
dose
do
mesmo
para
que
mais
um
dia
se
levante
e
quando
chega
o
domingo
a
lentidão
do
relógio
sufoca
então
ofereça
sorriso
em
troca
do
calafrio
que
você
recebe
diariamente
talvez
o
sorriso
permaneça
preso
na
boca
mas
mesmo
lá
sua
luz
brilha
iluminando
a
trilha
que
um
dia
lhe
conduzirá
ao
mundo
dos
que
não
se
sentem
ilha
dos
que
escrevem
tolices
num
domingo
morno
entre
uma
e
outra
mordida
no
tabaco
a
tarde
morre
escorre
do
teto
agoniza
no
chão
EU
renasço
para
mais
uma
noite
noite
fria
de
junho
noite
dos
sem
salário
noite
de
meu
aniversário